Bungue une-se à Fosfertil contra os importados
Bungue une-se à Fosfertil contra os importados
Competição ´desleal´ motivou a fusão, que depende de aprovação do sistema de defesa da concorrência
O grupo Bungue e a Fosfertil, dois gigantes do agronegócio mundial, decidiram unir suas atividades no Brasil para enfrentar a competição "desleal" de fertilizantes importados e outras grandes empresas globais que atuam no País.
Segundo a Fosfertil, o mercado brasileiro de fertilizantes, onde ela é líder, é o quarto maior do mundo e também o que apresenta maior potencial de crescimento nos próximos anos. O projeto de união das duas empresas terá de passar pelo crivo do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência.
O grupo Bungue, com sede nos Estados Unidos e base jurídica nas Bermudas, é uma das maiores fabricantes mundiais de óleo vegetal e um dos líderes em fertilizantes na América Latina. A empresa vale US$ 6 bilhões e mais da metade dos ativos da companhia está no Brasil. A recente
crise do setor agrícola decorrente do câmbio desfavorável para os exportadores, no entanto, forçou a companhia a fechar 7 das suas 35 fábricas no País.
A Fosfertil, integrada à Bungue, deverá obter ganhos de R$ 97 milhões a R$ 130 milhões por ano, além de manter sua condição de liderança de fertilizantes. O faturamento da empresa, com a fusão, sobe para R$ 5,8 bilhões. O presidente da Bunge Brasil, Mario Alves Barbosa Neto, afirmou que a reorganização societária da Fosfertil, que prevê a incorporação da Bunge Fertilizantes, dará musculatura à empresa para enfrentar a concorrência. "Vamos criar uma empresa integrada de fertilizantes, que abrange desde a mineração até o atendimento aos agricultores", explicou.
"Ficaremos competitivos para enfrentar a concorrência desleal dos importados." Barbosa, que também é presidente da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), destacou que uma das principais reivindicações do setor é a isonomia tributária com o adubo que vem do exterior. "O
produto importado não paga ICMS", reclama. "É uma concorrência desleal." O resultado da união da Fosfertil com a Bunge Fertilizantes dará origem à Fosfertil Fertilizantes, uma companhia mais eficiente e rentável. "São empresas complementares", diz o presidente da Bunge.
O presidente da Fosfertil, Francisco Gros, garante que a operação também é um bom negócio para os acionistas. "Estamos fazendo uma troca de ações preferenciais por ordinárias (com direito a voto) sem pedágio", comentou, sem citar a operação de reestruturação da Telemar, vetada na sextafeira pelos acionistas justamente pela relação desigual de troca entre ações PN e ON.
Gros disse também que a empresa concederá o direito do minoritário receber o mesmo valor pago ao controlador (tag along de 100%) no caso de venda da empresa. A nova companhia continuará com capital aberto. O conselho de administração da Fosfertil vai se reunir no dia 21 para votar a
proposta de reorganização societária.
TÉO TAKAR - O Estado de São Paulo, 17/12/2006
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