Com volatilidade, relação de troca piora para produtor de grãos
O financiamento de insumos por meio da troca agrícola, prática que vem aumentando progressivamente nas últimas safras, também irá imprimir ao produtor os efeitos negativos da volatilidade nos preços dos grãos observados em março.
A Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) ainda faz os cálculos do prejuízo, mas a relação de troca para quem opera com commodities deve piorar da mesma forma que o incremento na aquisição de defensivos deve apresentar uma desaceleração frente a alta de 22,6% registrada no primeiro bimestre. "Especialmente na última semana o mercado volátil gerou insegurança e nenhuma compra de grande volume deve ter sido realizada", afirma Eduardo Daher, diretor executivo da Anda.
Para Daher, há uma retração nos mercados que recuaram na semana passada e a troca de grãos por insumos não deve ultrapassar os 20% .
"A volatilidade é inimiga da troca e tudo está propiciando essa diminuição - os preços dos fertilizantes começaram a subir e os preços do grão começaram a cair ", diz.
No acumulado até fevereiro mesmo com a alta nos preços dos defensivos a relação de troca dos principais grãos ficou estável em relação ao mesmo período do ano passado. No bimestre a quantidade de sacas de milho necessária para adquirir 1 tonelada de fertilizante havia aumentado apenas de 37,9 para 38,2 e no caso da soja houve até uma pequena diminuição de 20,6 para 19,1.
De acordo com o analista da AgraFNP, Fábio Turquino Barros, justamente os produtores dessas culturas serão os mais prejudicados. "Quando há um preço num mercado muito volátil como é o caso da soja o produtor fica apreensivo porque o custo de produção vem subindo numa taxa muito alta e quando a cotação cai essa taxa continua subindo", explica. Para o analista nesse momento de volatilidade o produtor tende a sair do mercado porque fica difícil mapear um horizonte.
No atual contexto o produtor do Centro-Oeste é o mais prejudicado já que a região não dispõe de recursos financeiros suficiente para atender toda a demanda tendo que arcar com um possível prejuízo nesse financiamento no qual a moeda é o próprio produto.
Mesmo diante desse cenário empresas que comercializam defensivos continuam adotando essa ferramenta como alternativa para o pagamento do produtor. A Bayer inclusive colocou como prioridade estratégica para este ano ampliar essas propostas de troca. Em 2007, a empresa realizou a operação com café, algodão, soja e milho.
A relação de troca para quem opera com commodities deve piorar com a volatilidade do mercado. Da mesma forma, o aumento na aquisição de defensivos deve desacelerar-se.
Priscila Machado
DIÁRIO COMÉRCIO INDÚSTRIA E SERVIÇOS
02/04/08 - AGRONEGÓCIOS
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