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A Amazônia, de Ludwig a Maggi

Vinte e cinco anos após escreverem sobre a região, americanos voltam e descobrem mundo em transformação
Paulo Sotero

Entre 1980 e 1982, o recém-formado advogado americano Mark London e o jornalista Brian Kelly, então repórter do Chicago SunTimes, foram aos confins da Amazônia em duas viagens de quatro meses cada uma. O resultado foi o livro Amazon, publicado em 1983 pela Editora Harcourt Brace Jovanovich e, no mesmo ano, em português, pela Record, com o título Amazonas: Um Grito de Alerta.

A capa das duas edições é típica dos livros da época sobre a região. Na frente, uma foto da mata em chamas. Atrás, a cena bíblica do garimpo de Serra Pelada. No mês que vem, a editora Random House lançará outro livro da dupla sobre a região. Em contraste com o primeiro, A Última Floresta - A Amazônia na Era da Globalização não ecoa as mensagens de destruição.
Resultado de mais oito viagens que fizeram pela região, entre 2003 e 2005, o novo livro descreve uma região vibrante e em transformação, que continua a sofrer os efeitos negativos da ocupação desordenada, como a violência, mas começa a ver os benefícios da conscientização da sociedade brasileira sobre o valor do tesouro ecológico que o País tem.
Contrariando a imagem clichê, London, hoje um bem-sucedido advogado, e Kelly, agora editor-chefe do semanário U.S. News and World Report, lembram que 70% da população da Amazônia vive em regiões urbanas. Mostram, ainda, que atividades econômicas antes consideradas insustentáveis, hoje parecem viáveis.
Antecipando possíveis críticas de ambientalistas, Mark Plotkin, autoridade mundial em plantas e rituais medicinais da Amazônia, classificou a obra de "análise penetrante e estimulante". Para ele, "o livro merece um lugar de honra na estante de todos, de biólogos a planejadores econômicos, que gostem de uma boa leitura". Os teóricos da conspiração, que espalham pela internet mapas falsos que supostamente seriam usados em escolas dos Estados Unidos, demarcando parte da Amazônia brasileira como região internacionalizada, ficarão chocados com o livro desses dois gringos - uma agradável combinação de obra de aventura, reportagem e prescrição de políticas públicas. Na semana passada, Mark London, autor principal do livro, falou ao Estado.
No que a Amazônia de hoje é diferente da que vocês conheceram 25 anos atrás?
Houve uma mudança tremenda tanto na maneira de pensar a Amazônia como em termos de desenvolvimento econômico. Há 25 anos, o pensamento predominante sobre a Amazônia era o de Betty Meggers (arqueóloga americana), para quem a região deveria permanecer intocada, pois qualquer atividade econômica a destruiria. Foi essa idéia que inicialmente mobilizou o movimento ambientalista internacional em relação à Amazônia. Por isso, as primeiras atividades de desenvolvimento, como a construção da rodovia transamazônica e a abertura das grandes fazendas, foram percebidas como iniciativas estúpidas que destruíam recursos naturais sem criar nada em troca. Desde então, estudos como os conduzidos por Anna Roosevelt (também arqueóloga americana) e outros demonstraram que a Amazônia sustentou civilizações produtivas antes da chegada dos exploradores europeus. Paralelamente, a Embrapa e outras instituições de pesquisa no Brasil mostraram que é possível usar a Amazônia de forma produtiva, na agricultura e mesmo na pecuária, mediante um zoneamento adequado. A pecuária, que no passado era considerada uma atividade imprópria para a Amazônia, e que só dava prejuízo, é hoje lucrativa. O mesmo acontece com a soja.
Lucrativas, tudo bem. Mas essas atividades são sustentáveis?
A pergunta é outra e mais difícil de responder. O fato de que se pode explorar partes da Amazônia de forma produtiva significa que se deva fazê-lo?
E sua resposta é....
Que os seres humanos são animais econômicos e que será impossível dizer às pessoas que elas não poderão engajar-se em atividades econômicas na Amazônia. O que é preciso fazer é concentrar essas atividades onde elas fazem sentido.
Você acha que faz sentido criar gado ou plantar soja na Amazônia?
Não faz nenhum sentido qualquer das duas atividades na região da Cabeça do Cachorro, no oeste do Estado do Amazonas. Mas ambas podem fazer sentido em áreas já degradadas, que representam cerca de 40 milhões de hectares. Trata-se de usar de forma inteligente esse pedaço devastado e proteger o resto da floresta.
O que isso significa, na prática?
Significa, por exemplo, não terminar a construção da BR-319, de Manaus a Porto Velho, porque ela abriria um novo corredor para a destruição da floresta. Mas também que é racional o projeto de repavimentar a BR-364, que liga o Acre e Rondônia a Mato Grosso e ao resto do Brasil, ou de pavimentar a BR-163, de Cuiabá a Santarém. Isso, claro, respeitando o plano de zoneamento ambiental desenvolvido pelo governo brasileiro. Mas é importante, também, que o Brasil adote uma política de regulamentação positiva, como o sistema de créditos de carbono.
Os nacionalistas brasileiros, de esquerda e de direita, poderão ver em suas afirmações sinais dos desígnios americanos e de outros de internacionalizar a Amazônia.
Eu me considero um nacionalista brasileiro na questão da Amazônia. Defendo, por exemplo, a instituição de um imposto internacional de preservação da floresta. Os Estados Unidos e outras potências já ofereceram US$ 5 bilhões em ajuda e vários outros incentivos para a Coréia do Norte, para que o país desista de ter armas nucleares, porque acham que isso seria uma catástrofe. A comunidade internacional também concorda que a destruição da Amazônia seria uma catástrofe para o mundo. Se é assim, então ela tem obrigação de dar ao Brasil os recursos necessários para administrar a região, que é um recurso natural brasileiro cuja preservação beneficia não apenas o Brasil mas o planeta inteiro. Essa era a tese do cientista brasileiro Samuel Benchimol, um pioneiro dos estudos da Amazônia que faleceu em 2002 e foi homenageado pelo governo do Brasil com a criação do Prêmio Benchimol, que reconhece a produção de conhecimento e de tecnologias para o desenvolvimento sustentável da região. Não se trata de internacionalizar a Amazônia. O Brasil tem todo o direito de usá-la de forma produtiva para benefício do resto do mundo. E isso inclui preservar a floresta. Acredito que o mundo deve pagar o Brasil por esse serviço.
Os exemplos que você deu até agora são mais sobre como o resto do mundo vê a Amazônia. Você acha que houve mudança na postura dos brasileiros sobre a região nos últimos 25 anos?
A Amazônia brasileira tem hoje 21 milhões de habitantes, o que representa pouco mais de 10% da população do País, quando em 1983 essa proporção mal chegava a 5%. É, portanto, uma região muito mais integrada ao Brasil, por causa dos transportes e das tecnologias de comunicação. Não é mais aquele lugar remoto que estava no imaginário das pessoas. A outra diferença - e que eu considero talvez a mais importante - é que comparando com 25 anos atrás, o Brasil tem hoje um excelente quadro de cientistas e pesquisadores empenhados em estudar a Amazônia. Quando eu e Brian escrevemos nosso primeiro livro, a produção científica sobre a região ainda era dominada por estrangeiros.

E qual foi o reflexo disso sobre o conhecimento que se tem hoje sobre a Amazônia?
Um efeito da nova produção científica foi arquivar a velha, e errônea, idéia da Amazônia como o pulmão do mundo e substituí-la pela noção mais acurada segundo a qual a região tem uma função ainda mais importante como estabilizadora da atmosfera, com impactos que vão da regularização do regime de chuvas no centro-sul do Brasil à temperatura da água na superfície do Golfo do México. Pesquisas recentes mostram que o impacto climático da Amazônia não é apenas global, mas também local e nacional. A floresta cria seu próprio clima ou microclimas. Esse conhecimento deu origem a vários projetos interessantes de reflorestamento de lugares estratégicos para proteger os microclimas amazônicos ameaçados.
Você diria que derrubar a floresta é mau negócio?
Eu prefiro dizer que as pessoas precisam se dar conta de que o que é bom para o ambiente é bom para os negócios. E muitos agricultores no Brasil sabem que, se a floresta continuar a diminuir, choverá menos no centro-sul do Brasil e suas fazendas perderão produtividade. Mas há o outro lado da questão. Os subsídios dos países ricos à agricultura são injustos em relação ao Brasil, porque ajudam a criar a pressão para o País usar o único subsídio que tem à disposição, que é terra barata, e expandir a fronteira agrícola.Um acordo equilibrado na Organização Mundial do Comércio sobre os negócios agrícolas é parte da solução que preservará a última floresta.
Qual é o personagem mais interessante que você encontrou na Amazônia desta vez?
Blairo Maggi (governador de Mato Grosso). Um jornal inglês o chamou de "estuprador da Amazônia" pelo fato de suas fazendas de soja terem avançado na floresta. Mas Maggi é a mais importante força na história da Amazônia. Ele criou um mercado, abriu vias de escoamento pelos rios que tornam hoje a soja brasileira mais competitiva do que a americana no porto de Roterdã (Holanda). É um empreendedor, vive na região - e não em São Paulo ou Rio -, é um homem prático, que dialoga com a (ministra do Meio Ambiente) Marina Silva, e sabe que a destruição da Amazônia roubará o futuro de milhões de jovens. Nos anos 80, quando fizemos o primeiro livro, o grande empreendedor da Amazônia era o Daniel Ludwig, milionário americano misterioso cujos negócios deram errado. Hoje, o grande empreendedor da região é Maggi, político e empresário brasileiro cujos negócios deram certo.

O Estado de São Paulo - 14/01/2007.

 
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