Lula contra o agronegócio
Lula contra o agronegócio
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está muito perto de um rompimento com o agronegócio, o setor que realmente garante, com pequenos e grandes produtores eficientes, o abastecimento interno e a maior parte do superávit comercial brasileiro. Desde a demissão de Roberto Rodrigues do Ministério da Agricultura, o fosso entre o chefe do governo e o setor rural mais moderno vem-se ampliando velozmente.
Nesta semana, o presidente-candidato recusou-se a falar, por meio de um depoimento gravado em audiovisual, aos participantes do Congresso Brasileiro do Agronegócio, realizado em São Paulo. O programa previa a exibição de vídeos com depoimentos dos principais concorrentes à Presidência da República. Eles deveriam apresentar comentários sobre assuntos selecionados de interesse do setor.
"Se este fórum fosse do MST, teria patrocínio do governo federal e o presidente teria vindo gravar", disse o presidente da Sociedade Rural Brasileira, João Sampaio Filho. "A não manifestação já é uma posição. O presidente colocou deste modo a sua posição e a sua estratégia", comentou o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras, Márcio Freitas.
O presidente-candidato recusou-se a participar, alegando discordar do formato proposto para o depoimento. Os candidatos deveriam tratar de temas indicados pelos organizadores, como reforma dos impostos, parcerias público-privadas, proteção contra invasões de terras e política ambiental. Essa organização dos depoimentos permitiria confrontar as opiniões e propostas dos vários pretendentes à Presidência. Três candidatos apresentaram suas idéias aos participantes do congresso: Geraldo Alckmin (PSDB), Heloísa Helena (PSOL) e Cristovam Buarque (PDT).
As declarações que mais agradaram foram as do tucano, que enumerou, entre outros pontos de seu programa, prioridade à reforma tributária, reforço e ampliação do sistema de seguro agrícola e intolerância a invasões de terra. Heloísa Helena prometeu realizar a reforma agrária - com reforma não há invasões, acrescentou - e incentivos a quem cumprir metas de produtividade. Cristovam Buarque foi quem menos se estendeu sobre questões específicas do agronegócio, concentrando-se em propostas para a educação.
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