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Dívida rural come 50% da receita

Dívida rural come 50% da receita

Produtores acumulam débitos de R$ 25 bi e expectativa de faturamento para a próxima safra é de R$ 51 bi

CRISE NO CAMPO - Márcia De Chiara

A dívida do setor rural com governo, bancos e fornecedores já corresponde a cerca de metade da receita dos grãos prevista para o ano que vem. Entre arroz, feijão, soja, milho, algodão e trigo, a expectativa é que os produtores embolsem uma receita de R$ 51 bilhões na safra que começa a ser semeada a partir de setembro.
Enquanto isso, o setor acumula dívidas entre R$ 20 bilhões e R$ 25 bilhões, segundo a RC Consultores.
Isso significa que 2007 será mais um ano de forte descapitalização para o campo e o agricultor de grãos deve continuar no fundo do poço, comprando menos insumos e reduzindo o uso de tecnologia e a área plantada.
Na semana passada, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, pediu demissão. Questões políticas e pessoais à parte, a saída de Rodrigues retrata o tamanho da crise do agronegócio que, no médio prazo, deve ter reflexos na economia.
O setor, que foi estratégico para o País, contribuindo para a reversão da crise das contas externas e redução da inflação, promete dar o troco pelo pouco caso com que vem sendo tratado pelos formuladores da política macroeconômica. O foco da crise do campo, apontam especialistas, é a manutenção dos juros elevados, que resulta no real valorizado e na baixa rentabilidade, num setor cujos preços são cotados em dólar.
Esse troco vai se traduzir em queda na produção na safra 2006/2007.
Estimativas preliminares da consultoria indicam que, em 2007, haverá redução de quase 5% na oferta de grãos ante a última safra, fruto da queda de 2,5% na área plantada. A projeção é de uma colheita de 113,1 milhões de toneladas, o menor volume desde a safra 2004/2005.
A freada na produção de grãos deve ter reflexos na inflação. O impacto da menor oferta de alimentos, somado à perspectiva de valorização do real, em razão do encolhimento dos saldos comerciais previstos para meados do próximo ano, devem aumentar o risco de inflação para 2007.
"Se neste ano a inflação medida pelo IPCA deve ficar entre 4,3% e 4,5%, não é um despropósito estimar em 5% ou mais para 2007", diz o diretor da RC Consultores, Fábio Silveira.
A maior retração da produção deve ocorrer na soja.
Segundo a consultoria, a produção prevista para 2007 deve atingir 48,2 milhões de toneladas, com queda de 8,9% na comparação com a safra passada. Se a estimativa se confirmar, essa será a menor safra de soja desde 2003. A previsão para o algodão e o milho é de queda de 3,6% e 2,9%, respectivamente.
A indústria que produz insumos para a agricultura, como fertilizantes e defensivos, confirma mais um ano de perda de fôlego dos grãos.
O consumo de fertilizantes previsto para este ano deverá somar 19 milhões de toneladas. É um volume 5% menor que o de 2005, segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).
"Estamos voltando para o nível de 2002", diz o diretor da Anda, Eduardo Daher. Além da redução da área plantada, o agricultor diminuiu o uso de fertilizantes. No caso dos defensivos agrícolas, o quadro é semelhante. De janeiro a abril, os volumes físicos caíram 13% ante o mesmo período de 2005 e a receita encolheu 22%, segundo a Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef). O estrago nas vendas de adubos e defensivos só não é maior porque o café, a laranja e a cana-de-açúcar vão bem.
Não é só a queda nos volumes que preocupa a indústria. "O ritmo de vendas do primeiro semestre está muito lento", diz o presidente da Andef, Cristiano Walter Simon. Em épocas normais, entre 30% e 35% dos volumes de defensivos são vendidos no primeiro semestre. Neste ano, foram
comercializados, até agora, 20%, no máximo.
Daher, da Anda, confirma que há atraso na venda de adubos e alerta que a lentidão pode resultar na concentração das entregas às vésperas do plantio, provocando gargalo logístico e custos mais elevados de frete.

O Estado de São Paulo - 02/07/2006

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