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Rodrigues reage a pressões e sai do governo

Rodrigues reage a pressões e sai do governo

Ministro deixou claro constrangimento de participar da campanha e resistiu a mudanças na política agrária

Fabíola Salvador, Renata Veríssimo

Depois de dois anos "duríssimos" para o setor rural e de várias ameaças, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, pediu demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante jantar na terça-feira.
Rodrigues deixou claro a Lula o constrangimento de participar da campanha eleitoral, após tantos embates e frustrações com a política agrícola, e a insatisfação com setores do governo que insistem em alterar os critérios de classificação de propriedades rurais para fins de reforma agrária.
A substituição do ministro seria negociada até sexta-feira, quando oficializaria a sua saída. Mas a informação vazou e deixou Rodrigues em nova saia-justa perante o setor e sua equipe, pois não havia conversado com assessores sobre a demissão. Em entrevista coletiva ontem, ele disse que permanecerá no cargo até amanhã. Ele não quis indicar seu sucessor e garantiu: "A substituição é de exclusiva alçada do presidente. Eu não darei palpites."
Rodrigues afirmou que deixa o ministério com o sabor de quem "cumpriu uma missão". Disse que "não há tristeza, decepção", mas não escondeu que foram "dois anos de muito desgaste para o setor rural". "A crise será a marca da minha gestão", disse. "Aprendi que nunca se deve ser ministro da Agricultura quando a agricultura está no máximo de sua condição, porque a tendência é só piorar."
No período em que esteve no ministério, ele viu a agricultura passar pela pior crise dos últimos 40 anos, acumulando, nos últimos dois anos, uma queda na renda estimada em R$ 30 bilhões. Em razão da sistemática escassez de recursos da Pasta, ele acompanhou o desmonte das atividades de defesa sanitária com a eclosão de 41 focos de febre aftosa em Mato Grosso do Sul e no Paraná.
Em maio, quando o governo divulgou o pacote agrícola, Rodrigues sofreu novo desgaste com a não inclusão do reescalonamento da dívida dos agricultores que vence este ano. Ameaçou pedir demissão e obteve o refinanciamento. Mas as medidas ainda dependem de regulamentação do Ministério da Fazenda e as propostas adicionais devem ser homologadas só hoje, na reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN).
"Ele cansou de ser o fiador da palavra do governo, que assumiu muitos compromissos com os produtores rurais, mas não cumpriu nenhum", comentou o deputado Abelardo Lupion (PFL-PR), que preside a Comissão de Agricultura. Rodrigues relativizou o embate com a equipe econômica e afirmou que recebeu o apoio dos ministérios para equacionar a crise. "O pacote é importante, mas não resolve o problema. Fizemos o possível", comentou Rodrigues, que, na semana passada voltou a criticar o governo por não definir medidas estruturais para o setor.
SUBSTITUTO
Pelo menos dois nomes são cotados para assumir a Pasta, segundo parlamentares ruralistas que estiveram com Rodrigues. O principal deles é o secretário-executivo do ministério, Luís Carlos Guedes Pinto, ex-presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária. Guedes Pinto, ligado ao ex-ministro de Segurança Alimentar e Combate à Fome, José Graziano - hoje assessor especial de Lula -, garantiu que não recebeu nenhum convite.
Outro nome cogitado é o do secretário de Política Agrícola, Ivan Wedekin, que era consultor no setor. Na área política, no entanto, dizem que Lula teria oferecido o cargo ao PMDB para fechar alianças regionais. O senador José Sarney (PMDB-AP), um interlocutor de Lula no partido, assegurou que "é especulação". Lula terá de escolher logo o sucessor, porque a lei eleitoral, só tem até amanhã, dia 30, para fazer nomeações.

O Estado de São Paulo - 29 de junho de 2006.

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