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China se retrai e traz incerteza à soja brasileira

SÃO PAULO - Dias antes da entrada da safra da soja brasileira, a conjuntura econômica e o estoque recorde do grão na China, principal comprador mundial da oleaginosa, preocupam os sojicultores do Brasil. Mesmo com registro de embarques para os asiáticos no mês de janeiro, o que normalmente não ocorre, as vendas antecipadas do grão na safra 2008/2009 estão hoje 50% menores que os contratos firmados pelos produtores nesse mesmo período da safra anterior.

De acordo com o produtor Glauber Silveira, que preside a Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso (Aprosoja), os sojicultores do estado já tentaram negociar em diversas ocasiões uma parte da safra que começará a ser colhida no final do mês março, mas até agora escoaram apenas metade do volume que haviam comercializado nos dois primeiros meses de 2008. "Já tivemos um bom mercado e não conseguimos travar o preço quando a soja estava a US$ 16 [a saca]. Tentamos travar o preço em vários momentos. Nos últimos dias perdemos 15% do preço", afirma.

Nas duas últimas semanas, o valor da soja comercializada na Bolsa de Chicago sofreu uma desvalorização de 13,5%, sendo 11 dias de quedas consecutivas até o pregão da última sexta-feira, quando fechou cotada a US$ 8,62 o bushel. Na semana anterior, o bushel era negociado por até US$ 10,30. "Atualmente, qualquer novidade é motivo de oscilações expressivas no mercado futuro. Os números mostram a apreensão e falta de direcionamento do mercado", afirmou Lucílio Alves, pesquisador de Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

De acordo com Alves, o mercado interno também é de queda nos preços. No último dia útil, o Indicador Cepea/Esalq (base Paraná) fechou a R$ 45,12 a saca, o menor valor registrado em 2009 "perdendo todos os ganhos que teve em janeiro". Até agora, a maior cotação do ano foi no dia 26 de janeiro, quando a soja foi vendida por até R$ 51,01 a saca.

"A partir do momento que cobrimos o custo de produção, nós queremos travar o preço, mas se o produtor vender agora, vai vender com prejuízo", disse Silveira.

O volume dos estoques chineses é um dado nada animador para os exportadores brasileiros. Com cerca de 5 milhões de toneladas, volume considerado recorde, e a manutenção das importações da soja norte-americana pelo país, a China poderá diminuir seu apetite por compras justamente no momento em que a oferta brasileira é ampliada.

"Além disso, a produção de soja da China na safra 2008/2009 aumentou para 16,8 milhões de toneladas, ante 14 milhões verificados na temporada anterior", avaliou o pesquisador do Cepea.

Alves afirma ainda que os produtores do país asiático terminaram de colher a safra entre outubro e novembro passado e, portanto, não haveria necessidade de compra nesse período. "No entanto eles estão saindo de um processamento da ordem de 41,1 milhões de toneladas, um recorde, contra 39,5 milhões do ano passado", ressalta.

Ainda assim, os números de exportação para o óleo de soja também não são otimistas. Dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) na última semana apontam para uma queda de 97,7% nos embarques do produto industrializado, uma diminuição de 47 mil toneladas para 1,5 mil toneladas. Com a retração o Brasil deixou de faturar no mês de janeiro US$ 43, 2 milhões somente com as exportações de óleo para a China.

O total das importações de óleos comestíveis pela China ficou em 290 mil toneladas em janeiro de 2009, numa queda de 43%. Em grãos, a demanda total da China no primeiro mês de 2009, de 3 milhões de toneladas, foi 12% inferior a registrada em janeiro do ano passado, segundo dados preliminares são da Administração Geral de Alfândega.

Em 2008, a soja foi o principal produto na pauta de exportação do Brasil para a China. A aquisição de 11,8 milhões de toneladas foi resultado de um crescimento de 115% da demanda pela soja brasileira. O desempenho em receita ultrapassou os US$ 5,3 bilhões. As projeções do Conselho Brasil-China para este ano apontam queda de 19,4% nas vendas de soja para a China.

A previsão feita ainda em janeiro parte do princípio de que as exportações serão prejudicadas apenas pela queda de preços, porque os volumes de soja vão se manter constantes. No entanto, notícias recentes dão conta de que a gigante asiático deve diminuir seu apetite por commodities em 2009. A China deverá revisar sua meta de crescimento econômico de 8% para este ano, devido ao aprofundamento da crise financeira mundial, segundo o vice-ministro do Comércio do país, Zhong Shan.

A queda da demanda por produtos de exportação, da ordem de 43%, já desacelerou o crescimento da China para seu ritmo mais lento dos últimos sete anos.

Para Steve Cachia, analista da Cerealpar, as demissões em massa e o fechamento de fábricas na China é preocupante para quem exporta soja. "O mercado está com esse sentimento de redução de demanda e esse pessimismo se volta para commodities agrícolas", disse. "Mesmo com a quebra de safra no Brasil e na Argentina o mercado está passando por cima dos fundamentos e só olhando questão econômica", acrescentou Cachia.

Priscila Machado
DIÁRIO COMÉRCIO INDÚSTRIA E SERVIÇOS - 25/02/09 - AGRONEGÓCIOS

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