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Queda suportável

O ESTADO DE SÃO PAULO
Quinta-Feira, 18 de Dezembro de 2008

As estimativas da safra 2008/2009 já mostram os efeitos da crise mundial sobre a agricultura brasileira. A redução do crédito, o aumento do custo dos insumos e a queda de cotação de algumas das principais commodities resultarão na redução da produção, da produtividade e da renda dos agricultores. Estudos divulgados simultaneamente pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e pelo IBGE indicam que, embora a área cultivada deva aumentar de 0,2% a 0,9%, a próxima safra será de 2,5% a 3,8% menor do que a anterior.

São estudos preliminares baseados em pesquisas de campo realizadas na segunda quinzena de novembro. Esses estudos já captam boa parte do impacto das enchentes de Santa Catarina sobre a produção local. A despeito de suas dramáticas conseqüências sobre a vida de centenas de milhares de habitantes do Vale do Rio Itajaí-Açu e regiões próximas, as inundações naquele Estado não parecem ter afetado de maneira notável as projeções da produção agrícola nacional.

De qualquer forma, para o País como um todo, é possível que os próximos levantamentos revelem queda mais expressiva do que a detectada até agora, em conseqüência da disseminação e do aprofundamento dos efeitos da crise mundial no campo. A redução da produção agrícola poderá chegar a 5%, admitiu o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, que, no entanto, não mostrou preocupação com o impacto dessa queda no abastecimento e nos preços internos. Se a queda se limitar a isso, "estará ótimo", disse.

No caso dos principais produtos da dieta do brasileiro, o arroz e o feijão, as projeções são de aumento de safra. De acordo com o IBGE, a produção esperada de arroz em 2009 é de 12,2 milhões de toneladas, 0,8% superior à de 2008, graças, principalmente, ao aumento da produção do Rio Grande do Sul. Depois de uma queda abrupta no início da safra de 2008, o preço do arroz se recuperou e a demanda internacional cresceu, o que estimulou o plantio.

O aumento esperado para a safra de feijão das águas é bem mais acentuado. A produção pode chegar a 2 milhões de toneladas, ou 20,9% mais do que a alcançada em 2008. A situação atual é oposta à observada em igual período do ano passado: agora, as condições climáticas são muito satisfatórias e os preços estão bem mais altos do que os de 2008.

A produção de soja, cujo plantio está no fim na maioria das regiões, deverá registrar pequena redução em relação a 2008, de 0,2% conforme o IBGE, ou de 2% segundo a Conab. A safra de dois outros importantes produtos, porém, deverá apresentar queda bem acentuada. A produção de algodão em caroço deverá cair de 14% a 15% e, a de milho, 7,4%. Nos dois casos, os principais fatores da quebra da produção são o aumento dos custos, as dificuldades para a obtenção de financiamento e a baixa cotação do produto.

A combinação desses fatores resultou, na maioria das culturas, em menor utilização de insumos, cujas vendas registravam recordes até setembro, mas despencaram em outubro, e de equipamentos, como mostram as vendas de máquinas agrícolas, que em novembro foram 21,1% menores do que as de outubro. A conseqüência será a queda da produtividade, como já antecipam as estimativas da Conab e do IBGE.

A redução da produção de milho, em particular, poderia preocupar, por seu efeito sobre outras áreas, como a avicultura, e, conseqüentemente, sobre a inflação. Há, entretanto, alguns fatores que devem reduzir seu impacto sobre os preços internos. Na safra de 2008, os agricultores foram estimulados a plantar milho na expectativa de fornecer para os EUA, que o utilizam na produção de etanol. Mas as exportações do milho brasileiro não aumentaram no ritmo esperado e o preço caiu, o que resultou em estoques elevados - que o ministro da Agricultura estima em 12 milhões de toneladas.

Quanto aos preços internos dos produtos agrícolas, levantamento da FGV indica que eles estão em queda no atacado e, em algum momento, essa queda será repassada para o varejo. Não há, assim, pressões fortes sobre a inflação decorrente da redução da produção agrícola. Não chega a ser um quadro "ótimo", como diz o ministro, mas, pelo menos até agora, não está tão ruim como se chegou a temer.

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