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Tecnologia de ponta faz safra dobrar

Produtores obtêm até 2,7 safras por ano com tratamento de solo

Para produzir mais grãos na mesma área de cultivo, agricultores do sudoeste de São Paulo adotam técnicas como o plantio direto adensado, rotação com culturas de inverno e o uso de sementes resfriadas. O tratamento correto do solo possibilita o cultivo intensivo, com a obtenção de até 2,7 safras cheias por ano, um recorde nacional. Essas inovações, aliadas à tecnologia das máquinas e à melhoria genética, fizeram com que a produção por hectare praticamente dobrasse nos últimos dez anos.

"Se depender de nós, não será a falta de alimentos que trará de volta a inflação", afirma o produtor Ariovaldo Fellet, de Itaberá, a 315 km de São Paulo. Conforme dados da Secretaria de Agricultura do Estado, a média de produtividade do trigo na região subiu de 1,5 mil para 3 mil quilos por hectare (kg/ha). O feijão passou de 1,6 mil para 2,4 mil kg/ha; o milho de 3,5 mil para 6,6 mil kg/ha e a soja de 1,8 para 3,3 mil kg/ha.

Muitos produtores, no entanto, obtêm resultados acima da média. De acordo com o engenheiro agrônomo Vandir Daniel da Silva, da Secretaria Estadual da Agricultura em Itapeva, a tecnologia das máquinas e o melhoramento genético dos cultivares também contribuiu para esse avanço. "Mas o resultado só foi alcançado porque o agricultor soube absorver e aplicar as inovações."

O sucesso com os grãos fez com que a região resistisse ao avanço da cana-de-açúcar. As imensas plantações de trigo que ondulam ao vento nas margens da rodovia SP-258, que liga a região de Itapeva ao nordeste do Paraná, são um sinal de que a fartura chegou ao campo. Grande parte das lavouras está sob pivôs de irrigação.

A fazenda Lagoa Bonita, da família Fellet, tem nove pivôs, dois deles rebocáveis, cobrindo 45% da área de produção, de 5 mil hectares. "Irrigamos só na hora que a planta precisa, mas a água faz uma diferença enorme na produção", diz Fellet.

Estações meteorológicas portáteis ligadas a notebooks dizem quando a lavoura precisa ser irrigada e a quantidade de água. Fellet administra a fazenda com as filhas Andréia e Vanessa, engenheiras agrônomas. No ano passado, foram colhidas 300 mil sacas de 60 kg de grãos, quase tudo comercializado como semente, com maior valor agregado.

Toda a área é de plantio direto (sem arar ou revolver a terra) e servida por dutos que levam a água dos açudes até os sistemas de irrigação. O próprio Fellet se espanta com a alta produtividade da terra. No ano passado, colheu 3,8 mil quilos de feijão por hectare irrigado. O trigo rendeu 5,5 mil quilos e a soja, 4,6 mil quilos por hectare, bem acima da elevada média regional. Fellet conta que novas técnicas são desenvolvidas e testadas o tempo todo. Recentemente, os produtores descobriram um ganho em produtividade e custo ao usar a mesma semeadora de soja para o milho.

As linhas de plantio do milho ficaram mais próximas - com mais plantas por metro - e a produção cresceu. A quantidade de palha no solo também aumentou, favorecendo o plantio seguinte. Ele conta que todo o plantio é planejado no escritório, com a ajuda de técnicos e consultores, com base em dados sobre o mercado.

PROJEÇÕES CLIMÁTICAS

A escolha das variedades leva em conta as projeções climáticas. O adubo ou fertilizante é aplicado de acordo com as características de cada variedade. "Temos tudo sob o máximo de controle porque fazer lavoura se tornou muito caro", diz Fellet. A fazenda é administrada como uma empresa. "O fato de estarmos produzindo milho e soja é só um detalhe, pois tudo é pensado como se fôssemos produzir carros ou eletrônicos", completa Andréa.

Parte das terras usadas pela família é arrendada. O aproveitamento do solo é total: até a antiga pista de pouso virou área de plantio.

A frota também é de ponta. Os pulverizadores têm piloto automático que evitam a sobreposição de áreas pulverizadas e a correção de solo é feita com GPS. As máquinas de plantio têm sistemas que monitoram quantidade de semente e adubo. A fazenda adquiriu o sistema cool seed, tecnologia de resfriamento de sementes para preservar por mais tempo o vigor e a capacidade de germinação.

Mesmo agricultores que não usam irrigação - que representa custo adicional nas lavouras - conseguem alta produção caprichando no manejo. O agricultor Nelson Schreiner, de 68 anos, no campo desde criança, aprendeu a dar à terra "o valor que ela merece".

Quando estudantes de agronomia visitam a Estância São Carlos, em Taquarivaí, ele gosta de comparar o plantio convencional, no qual a terra é arada e gradeada, com o direto. Pioneiro nessa técnica, ele diz que na região virou a forma de plantio convencional. Cerca de 80% das lavouras são plantadas nesse sistema. "A terra fica mais feliz", diz, enfiando as mãos no solo úmido e cheio de matéria orgânica.

A cada safra, a palha fica depositada no solo e se decompõe, formando uma camada que retém a umidade e evita a erosão. Schreiner planta milho adensado, que além de produzir mais palha garante até 15% a mais de produtividade. O administrador João Jacinto Dias, da fazenda São Paulo, investe na adubação e no trato do solo para compensar a falta de irrigação. Na safra passada, ele obteve 8,9 mil quilos de trigo e 3,7 mil kg de soja por hectare no sequeiro.

José Maria Tomazela
O ESTADO DE SÃO PAULO
Domingo, 17 de Agosto de 2008

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