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Pressão do governo acelera projetos na área de fertilizantes

A Vale busca elevar sua produção de insumos para a produção de fertilizantes para responder à pressão do governo brasileiro para que os investimentos privados no segmento sejam acelerados. Ainda que os dois projetos mais maduros da mineradora não sejam no Brasil, o que serviria para reduzir a dependência do país das importações de adubos - que cobrem de 65% a 70% da demanda nacional -, a possibilidade de a Vale se associar à Petrobras no maior deles, localizado no Peru, é encarado com bons olhos por representar a garantia de uma oferta adicional garantida e expressiva.

Em território peruano, a empresa apressa seu projeto de produzir fosfato na região de Bayovar. A licitação foi vencida pela empresa há cerca de dois anos. O investimento previsto é de US$ 479 milhões, e a produção deverá chegar a 3,9 milhões de toneladas por ano a partir de 2011. Para industrializar o fosfato a Vale já procura um parceiro, e é aí que entra a Petrobras. O Valor apurou que existem conversações em curso com o braço peruano da Petrobras para agilizar o escoamento do produto final para os agricultores brasileiros.

Além do projeto peruano, a Vale trabalha em pesquisas e desenvolvimento de suas jazidas de potássio na Província de Neuquen, na região central da Argentina. Os planos da companhia passam, ainda, por buscar novas jazidas de fosfato e potássio no Chile e no Peru. Na área de fertilizantes, potássio é o foco da empresa no Brasil. Só ela atua com a matéria-prima no país. Na mina de Taquari-Vassouras (SE), a produção alcança 850 mil toneladas anuais, volume suficiente para cobrir menos de 20% do consumo interno.

Mas a Vale tem estudos para expandir investimentos em novas minas de potássio na região Centro-Oeste. Por questões geográficas, a região é uma área de reserva de potássio em potencial, e por isso está no escopo de análise da Vale. Não há, porém, qualquer projeto até o momento. Outra jazida de potássio que o governo gostaria que fosse explorada, em Nova Olinda (AM), enfrenta obstáculos ambientais e poderá demorar para sair das pesquisas.

Diante da pressão do governo para tentar ampliar a disponibilidade doméstica do insumo - e assim garantir a expansão da produção brasileira de grãos e outros produtos agropecuários -, chegou a ser cogitada a possibilidade de a Vale voltar a participar do controle da Fosfertil (maior fabricante de matérias-primas para adubos do país), hoje dominada por três multinacionais - Bunge, Mosaic e Yara. Não houve avanço concreto nesse sentido. Consultados, os ministros Dilma Roussef (Casa Civil) e Edison Lobão (Minas e Energia) negaram conversações nesse sentido. E é fato que as atuais controladoras, que têm divergências entre si na Justiça, não manifestaram qualquer interesse em vender.

Ontem, em São Paulo, o presidente da Vale, Roger Agnelli, descartou esta possibilidade. "Já deixamos a empresa e não temos interesse em voltar", afirmou Agnelli. A Vale teve 11% das ações da Fosfertil, fatia vendida para a Bunge em outubro de 2003, por R$ 240 milhões. Na época, a Vale justificou o interesse em concentrar o foco nas áreas de mineração e logística. Segundo o executivo, o interesse da Vale na área de fertilizantes é concentrado no desenvolvimento da mina peruana.

Para o governo, os planos da Vale não resolvem o problema da dependência de produtos importados, e por isso a pressão sobre a iniciativa privada aumenta progressivamente, em velocidade proporcional à escalada das cotações internacionais e, por conseguinte, domésticas. "Este agora é um assunto de governo", afirmou ontem em São Paulo o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, durante o seminário "Perspectivas para o Agribusiness em 2008 e 2009", promovido pelo próprio ministério e pela BM&FBovespa.

Segundo Stephanes, Brasília quer que o país se torne auto-suficiente na produção de nutrientes derivados de fosfato e nitrogênio em "cinco ou dez anos". No caso do potássio, que completa o tripé que fornece os principais nutrientes necessários para uma adubação eficiente, o ministro admite que não existem recursos naturais suficientes para reduzir significativamente a dependência externa. O ministro disse que tem pressa para estabelecer uma agenda positiva com as empresas do ramo para acelerar os cronogramas de pesquisas e explorações, sobretudo na área de fosfato, frente na qual o Brasil tem dezenas de jazidas conhecidas. "Há três ou quatro empresas que dominam o mercado, mas elas sentaram em cima das minas".

Mário Barbosa, presidente da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) e da Bunge Fertilizantes, rebate a crítica e afirma que os investimentos privados em ampliação da produção no país deverão somar US$ 4 bilhões nos próximos quatro anos. Os aportes, a maior parte deles prometidos por Fosfertil e pela própria Bunge, foram confirmados nas últimas semanas, ainda que Barbosa negue que isso tenha acontecido por causa de pressão do governo. O executivo pondera, que auto-suficiência a qualquer preço pode não se mostrar a melhor saída para resolver a dependência. Ele diz que no caso das regiões Norte e Nordeste, carentes até em fosfato, pode ser economicamente mais interessante continuar com importações, até por conta das conhecidas carências logísticas brasileiras.

Se considerar necessário, garante Stephanes, o governo vai mesmo entrar diretamente na exploração. Nesse sentido, a idéia é formar consórcios com produtores - e há planos avançados para isso no Mato Grosso, de acordo com o ministro. Stephanes deixou claro em sua passagem por São Paulo que os reflexos da escalada dos fertilizantes nos preços dos alimentos e, consequentemente, na inflação, precisam ser logo debelados. Até porque, disse, até agora o Brasil é um dos países que vêm sofrendo menos com pressões "altistas" das commodities ligadas à produção de alimentos por ser grande produtor e exportador agropecuário.

O ministro voltou a prever aumento da produção brasileira de grãos na safra 2008/09, cujo plantio deve ganhar força no quarto trimestre deste ano. No caso da soja, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) já prevê para o Brasil aumento de 3 milhões de toneladas na produção, que alcançaria 64 milhões de toneladas.

Além dos preços, que estão elevados e remuneradores para grande parte das lavouras cultivadas no país, Stephanes acredita que os recursos que o governo pretende empregar no novo Plano de Safra são suficientes para expansões. Para a agricultura empresarial, ele estima entre R$ 65 bilhões e R$ 68 bilhões em crédito rural no novo ciclo, com maior participação de recursos com juros subsidiados.

Como repete em praticamente todas as suas aparições públicas, Reinhold Stephanes defendeu que a tendência de aumento global dos preços das commodities é uma oportunidade para o Brasil. A demanda aquecida, disse, motiva o aumento da produção e das exportações e, com isso, do desenvolvimento. "Há 4 mil "municípios agrícolas" no país, e neles não se vê desemprego, a não ser em casos pontuais".

Vera Saavedra Durão, Fernando Lopes e André Vieira
25/06/2008 - Valor Econômico

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