Home         Notícias         Artigos         Quem Somos          Produtos         Serviços         Fale Conosco  
 Agronegócios (118)
 Algodão (4)
 Ambiente (43)
 Cana de Açucar (15)
 Citros (4)
 Instituições (2)
 Milho (1)
 Pecuária (3)
 Soja (27)

Nota Triste: Falecimento do Professor Malavolta

Falecimento do professor Eurípedes Malavolta

Faleceu no último sábado (19) Eurípedes Malavolta, seu corpo foi sepultado neste domingo (20), no Cemitério da Ressurreição, em Piracicaba (SP). O professor foi diretor da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (USP/ESALQ), num dos mais difíceis períodos da vida política brasileira, entre os anos de 1964 e 1970.

A missa de 7º. dia de falecimento acontecerá nesta sexta-feira (25), às 19h, na Capela do Lar dos Velhinhos de Piracicaba.

Malavolta concluiu a graduação em Engenharia Agronômica na ESALQ em 1948, no ano seguinte já fazia parte do corpo docente da Escola e em 1951 concluiu a Livre Docência. Em 1958 obteve a Cátedra de Química Orgânica e Química Biológica. Foi pesquisador associado na Universidade da Califórnia, Berkeley com bolsa da Fundação Rockefeller (1952-53). Na Kearney Foundation of Soil Science trabalhou como professor visitante do ano de 1959-60.

Foi eleito membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) em 1964 e na Academia de Ciências do Estado de São Paulo desde 1972. No de 1998, foi condecorado como Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, pela Presidência da República do Brasil.

O professor é membro honorário da Sociedade Colombiana de Ciências do Solo desde 1993, da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo a partir de 1995, da Sociedade Internacional de Ciência do Solo e da Third World Academy of Sciences desde 1997.

Foi representante do Brasil na Conferência das Nações Unidas sobre Ciência e Tecnologia em Benefício das Áreas menos Desenvolvidas, em Genebra no ano de 1963. Foi conselheiro do CNPq e do Conselho Estadual de Educação de São Paulo de 1972 a 1975. É editor permanente da revista norte-americana Communications in Soil Science and Plant Analysis.

Aposentou-se da ESALQ em 1984 e desde então trabalha como pesquisador permissionário no CENA. Possui 45 livros publicados (em português, espanhol, inglês, hindi e chinês) e reúne 823 trabalhos de pesquisas, publicados no Brasil e no exterior. Orientou 40 dissertações de mestrado e 64 de doutorado na área de Agronomia. Recebeu 11 prêmios e homenagens.

Em 2004 foi agraciado com o Título de Cidadão Piracicabano, pela Câmara Legislativa local. No mesmo ano, foi condecorado pela USP, durante as festividades de 70 anos da Universidade São Paulo, como uma das maiores celebridades.

Em 2007, recebeu seus dois últimos prêmios, foi homenageado com a Medalha Antonio Carlos Moniz pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS) e com o título de Engenheiro Agrônomo Emérito, pela Associação dos Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo (Aeasp).

Malavolta foi um dos fundadores do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA) e ainda diretor do Instituto de Física e Química de São Carlos (USP), no período de 1972/1975.

Vida e Obra
Em uma de suas últimas entrevistas, concedida em agosto de 2006, o professor Malavolta falou um pouco de sua vida e obra.

"Quando ingressei na Escola, a ESALQ era uma comunidade....

...uma fraternidade composta de alunos, professores e funcionários. Todos se conheciam, se estimavam e se respeitavam, mutuamente. Hoje, infelizmente, isso não existe mais, porque esse espírito se perde quando a comunidade cresce. Naquela época, o único meio de transporte da cidade para Escola era o bonde, onde todo mundo vinha conversando".

Esta é a impressão que o professor Eurípedes Malavolta tem de um tempo que viveu e que não existe mais. "A vida era tranqüila e as pessoas se davam muito bem umas com as outras, não havia diferença de classes sociais, nem pobreza. Havia uma classe média e alguns ricos, mas todos iguais no tratamento".

Natural de Araraquara, conheceu a "Luiz de Queiroz" numa excursão à Piracicaba quando ainda estudava no ginásio e tinha uns 14 anos. "Meu pai era ferroviário, mas já me falava da Escola e eu vim pra cá, sem fazer cursinho, e passei direto. Havia 50 vagas e 75 candidatos. Entraram apenas 35, pois naquela época não se preenchiam, obrigatoriamente, todas as vagas oferecidas".

Ingressou na turma de 1945, num momento de expansão e crescimento da instituição propiciado pelo diretor José de Mello Moraes. "Ele foi chamado de louco, mas na verdade era um homem de visão. Construiu os pavilhões de Engenharia, de Horticultura, de Química, o piso superior do Prédio Central e muitas outras coisas, antevendo o crescimento da Escola".

Graduado em 1948, passou a ministrar, no ano seguinte, aulas práticas de Química Agrícola na Escola. Em 1951 obteve a livre docência. Nos anos de 1952/53 foi pesquisador associado na Universidade da Califórnia, com bolsa da Fundação Rockfeller. "Eu fazia as pesquisas e assistia as aulas como aluno ouvinte no campus de Berkeley. Voltei de lá com minha tese de catedrático debaixo do braço. Toda a parte experimental eu fiz nos Estados Unidos, aqui só redigi". No final desta década voltou a Berkeley como professor visitante.

Dois anos mais tarde, durante uma reunião da Congregação, assistiu à morte de seu mestre, o professor Mello Moraes, quando, numa discussão com o professor Salvador de Toledo Piza Júnior, sofreu um infarto. "É um episódio triste, mas ele defendia sua posição de diretor efetivo da ESALQ, pois recebeu essa nomeação, tendo em mãos um acórdão do Superior Tribunal Federal (STF) para prová-lo. Quando foi contestado, se afastou do cargo, pois era homem de uma dignidade invulgar".

Malavolta ocupou a diretoria da Escola de 1964 a 1970. Nos dois primeiros anos, como vice-diretor em exercício, pois o professor Hugo de Almeida Leme, diretor na época, exercia o cargo de Ministro da Agricultura. "Considero minha gestão a mais tranqüila da época de toda Universidade de São Paulo, pois passei pelo golpe militar, em 64, e pela revolução estudantil de 68, quando houve greves e invasões em todas as escolas da USP, menos na "Luiz de Queiroz"".

Como diretor, implantou a pós-graduação na Escola, a primeira de toda a Universidade. O mestrado começou em 1964 e depois, em 1970, teve início o doutorado. "Quis ser diretor para fazer isso, porque era uma maneira rápida e mais barata de formar corpo docente". Para tanto, utilizou o convênio existente com a Universidade Estadual de Ohio (OSU), que na época era pouco utilizado, havendo a possibilidade do governo americano retirar o apoio financeiro. "Este foi um outro motivo. Então reativei o convênio, estimulando a ida de colegas para os Estados Unidos para fazer doutorado e trazendo professores de lá para lecionar na pós-graduação. Ao fim de minha gestão, a ESALQ detinha o maior orçamento da USP".

Malavolta foi o primeiro pró-reitor da USP, em 1970 e primeiro diretor do Instituto de Física e Química de São Carlos, entre 1972 e 1975.

Ao longo da carreira, publicou centenas de trabalhos científicos e de extensão, além de dezenas de livros. Atualmente está preparando outros dois.

Permissionário no Cena, instituto que também ajudou a criar, continua ministrando aulas e orientando teses. "O aprendizado de um professor não termina nunca. Não sei fazer outra coisa. Virou diversão".

Assessoria de Comunicação - USP - ESALQ.
Disponível em: http://www.esalq.usp.br/destaques.php?id=251&ano=2008

 
  Tec Fertil Comércio, Representações e Serviços Ltda. Todos os direitos reservados.
Av. Benedito Storani, 95 - sala 9   -  Vinhedo  -  SP  -  CEP 13280-000  -  Fone/Fax: 55 (19) 3836-2261