Soja rouba a cena do milho no giro dos preços
Segunda-feira, 2 de abril de 2007 - DCI - Diário Comércio, Indústria e Serviços.
Luiz Silveira / Bloomberg
Se até agora o aumento da produção de etanol nos Estados Unidos fez do milho a "menina dos olhos" do mercado mundial de commodities agrícolas, agora é a vez da soja puxar a alta de preços. O aguardado relatório de intenção de plantio do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês), divulgado na última sexta-feira, indica que a área plantada de milho será a maior desde 1944, crescendo 15% sobre a safra anterior devido à alta nos preços puxada pela demanda para a fabricação de álcool . Mas, para conseguir esse aumento, os produtores norte-americanos reduzirão em 11% a área de soja, diminuindo a oferta mundial.
Os fundos de hedge, especuladores que exercem grande influência sobre os preços dos grãos na Bolsa de Chicago, deixaram a maior parte de suas posições no mercado futuro de milho prevendo que o relatório do USDA derrubaria os preços, mas devem voltar ao mercado com mais força na soja de agora em diante, avalia o analista de commodities Steve Cachia, da corretora Cerealpar, de Curitiba (PR).
Na sexta-feira, os contratos futuros de milho dos cinco primeiros vencimentos fecharam com a queda limite de US$ 0,20 em Chicago. Embora o relatório do USDA tenha sido positivo para o cenário de preços futuros da soja, a oleaginosa também caiu, US$ 0,17 para o primeiro contrato. Segundo analistas de Chicago, o principal motivo foi que alguns fundos que não conseguiam vender suas posições no milho mesmo com a queda de US$ 0,20 acabaram se desfazendo de parte da soja como compensação.
Mas segundo Cachia, a tendência da soja é que os preços comecem a subir nos próximos dias. "Na sexta-feira, o mercado atuou de forma emocional, porque havia muita expectativa em torno do que a imprensa norte-americana chegou a chamar de relatório do século".
Apesar de a tendência ser de alta para o preço da soja, essa elevação terá pouco reflexo na rentabilidade dos produtores brasileiros na safra atual. De acordo com um levantamento realizado pela Agroconsult durante o Rally da Safra, mais de dois terços da safra de soja de estados como Mato Grosso e Goiás já foram comercializados abaixo de US$ 10 por saca de 60 quilos. "Atualmente, o preço da soja nessas regiões produtoras supera os US$ 12, mas os sojicultores venderam antecipadamente para garantir as margens de lucro", explica o diretor da Agroconsult, André Pessôa. O Rally da Safra visitou as lavouras entre os meses de fevereiro e março, em plena colheita da soja.
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